29.12.06

COISAS DE FIM DE ANO

A linha do horizonte
Só costura futuro
Sempre presente nos olhos
Nunca ao alcance das mãos

[Aveia Poética 13]

4.12.06

PELO MUNDO

Eu ando pelo mundo
Nesta parte Bom Fim Rio Branco
Deste pequeno Porto Alegre mundo.
Eu ando olhando as caras,
Ouvindo pedaços das falas,
Pesquisando as janelas,
Principalmente dos térreos,
Onde a lógica dura dos velhos
Empilha paredes de coisas.
Eu ando no fim da tarde
De um domingo de garoa fria
Pisando nas flores caídas
Grudadas na calçada molhada
Calçada escorregadia
Que testa a minha perícia
Na luz escassa do fim do dia.
Eu ando e desvio dos carros
E dos loucos dentro dos carros
Ando e desvio dos cachorros
E dos donos dos cachorros
Vendo as lâmpadas que se ascendem
Como pontas de cigarro
Queimando o mercúrio caro
Na frente de uns poucos bares.
E assim nesse mundo eu ando
Pensando que ele me veja assim,
Sozinho, reinventado passos,
E esperando que num cochilo
Num instante de vacilo
O mundo é que ande em mim

[Aveia Poética 11]