30.3.07

Im.PENSAMENTOS.s (5)

(5)

Não tema
É só um poema
Tem o amor à vida
De um suicida


[Aveia Poética 45]

28.3.07

BOM DIA

Bom dia, bom dia...
Pro sol da meia noite
Pra lua do meio dia
Pro leite com chocolate
Pra laranja e pro abacate
Pro pão com ‘chimia’...

Bom dia, também,
Pra quem nem conhece bom dia
(E só boa tarde diria... )

Bom dia pra cara amassada
Pra barba cerrada
Pra retina sensível
Pra preguiça imbatível
Pro bocejo insistente
Pra escova de dente
E bom dia pro espelho...
Que não mente

Bom dia, bom dia...


[Aveia Poética 42]

22.3.07

Im.PENSAMENTO.s (4)

(4)

Entre quatro paredes
O tesão se dissemina
E o cérebro agradecido
Nos enche de indoorfinas


[Aveia Poética 30]

18.3.07

MUNDOS

Não quero ficar preso
Ao melhor dos mundos
Que eu imagino
Nem viver sitiado
Pelos sonhos
Que eu costumo ancorar no vento...
Não pretendo me perder
Nestas caudas de idéias que cintilam
Quando a mente
Acelera seus inventos
Muito menos ser refém
De algum pacto de ilusão
Da inteligência...
Quero sim isso tudo
Porque é o que me define
Como o pulso da minha existência
Como o ar que devolvo ao mundo
Mas quero, também,
O avesso...
Encher os pulmões de universo
E me impregnar do que existe
Sentir o real nos meus nervos
Espalhado nas minhas células
E embebido pela epiderme
Como um banho de totalidade
Que me faça ser mais do mundo
Ser mesmo mais o mundo
E poder amar de verdade

[Aveia Poética 39]

16.3.07

BEIJO ATEU

Esse teu
Beijo ateu
Louva Deus
Todo dia

Todo dia
Louvo a Deus
Nesse teu
Beijo ateu

[Aveia Poética 15]

12.3.07

Im.PENSAMENTO.s (3)

(3)

Não me assusto
Nem sequer me iludo
No fundo, no fundo,
Nada é do outro mundo...

[Aveia Poética 33]

11.3.07

PÉS PELAS MÃOS

Nada de incerto
Nada de exato.
Nem à imaginação,
Nem aos fatos
Eu só queria escrever um poema
Que falasse dos meus sapatos

[Aveia Poética 36]

6.3.07

im.PENSAMENTO.s (2)

(2)

Quando chega
Nas reticências,
O etcétera
É o tal...

[Aveia Poética 32]

4.3.07

MADRUGADA

Essas janelas
São como bocas
De riso quadrado
Rindo de mim
As luminárias
São olhos de iodo
Que escondem as estrelas
Pra me confundir
As roupas nas cordas
São lenços de tango
E fingem que abanam
Só pra me iludir
Os prédios soturnos
Escondem seus olhos
E não perdem de vista
Um espectro sequer
Os carros parados
São tumbas modernas
Cercadas de medo
Nos leitos das ruas
O semáforo pulsa
E troca suas cores
Feito um sonâmbulo
Amarrado no poste...
É junho
É frio
Muito frio
E eu caminho sem pressa
Não há o que temer
Nem o que preocupar
O mundo está vazio
Muito vazio

[Aveia Poética 20]

2.3.07

TELETRANSPORTE

Estou aqui de passagem...
Assim, parado, de pé...
Aqui, de passagem na mão
Feito uma antiga estação
Esperando um metrô que não tem
Um trem que não vem
Um ônibus qualquer...
Esperando, parado, de pé,
O primeiro coletivo que vier
Uma lotação,
Uma barca, um avião...
Ou, talvez, quem sabe, com sorte,
Enfim, um teletransporte...
Sim, um teletransporte!
Que seja mais leve que a alma
E me embarque num ponto de fuga
Sem placa de itinerário,
Pra eu estrelar uma jornada
Onde o sentido não é o horário,
Onde o destino não conta
Onde o destino não serve
Se possível, que seja sem volta,
Mesmo que seja breve...


[Aveia Poética 27]