16.8.09

VIAS

Passo as mãos pelo seu corpo
E me despeço da minha
Irreverência
É na sua pele que eu me entendo
Quando se revela
A sua plena ciência

Estradas desertas
Em noites
Do inverno austral
E por sua cintura de asteróides
Eu giro feliz
Fabricando estrelas
E ficando tonto
De pronto
Na órbita de suas ancas

A Via Láctea e seu corpo:

Não há contradição
Entre amor e paixão
A máxima individualidade,
Se alcança
Neste sentido de unidade

Suas pernas,
As constelações...
Seu sorriso,
Feixes de luz...
Seus olhares lentos...

Sempre seremos mais

11.8.09

UDIGRUDI HI-FI

Se não me falha
A memória...
Antes,
Eu lembrava

10.8.09

PAR ÍMPAR

Eu não sei
Quantos milhas e passos
Eles ainda vão suportar...
Quantos degraus,
Rampas,
Noites de dança.
Quantas horas de pé
Nas filas sem fim da cidade,
Na calçada parado
Esperando o sinal...
Correndo no parque
Entre moinhos de vento
Na chuva, da chuva,
No verão, temporal...

Meu joelhos, eles sim,
Companheiros inseparáveis,
Sempre atentos
A qualquer movimento,
Sombras de improviso
Que eu invento
- Que o tempo todo eu invento –
Pois eles sabem há muito tempo
Como eu preciso
E tanto e quando,
Sem cansar e a todo momento,
Descobrir algo que seja novo
Um breve estalo criativo
Um segundo que seja de alento
Pra que eu possa me ventar
Distraído
Assombrado por algum invento

2.8.09

DOCE CASA DE DOCEIRA

Lar, doce lar
Bendito e confeito
Feito casa de doceira
Onde a parede pode ser torta
Que ninguém se importa

É como casa
De bom de samba:
– Onde olerê,
O lar há! –
Treme a laje no domingo
Com reboco de glacê
Pé direito de moleque
Cimento granulado
E esquadria de pavê

Doce lar, doce lar,
Sem eira, esteira e nem beira
É cocada na escada
Puxa-puxa na fachada
Feito casa de doceira