17.7.11

4 GRAUS

E no princípio
Era o verbo
E do verbo se fez o gelo
E do gelo
Se fez o inverno

E com ele também vieram
O hiato e a paciência
E o instinto de sobrevivência

Desde então
No canto austral
Deste mundo
Onde o vento se rebela
Em todo começo de junho
O cone sul se engravida
E se nutre da própria espera

O tempo se distorce
A imagem se congela
Gela a orla do Guaíba
E gela até a vista bela
Da Bela Vista
Da janela

Até que
No princípio de gelo
Onde tudo se fez inverno
Do degelo se faça o verbo
E do verbo
A primavera...
Assim espero
Assim se espera

TELESCÓPIO

Galileu,
(Ora direis),
Ver estrelas
Não é ouvi-las...

Mas ouvi-las,
(digo eu),
Não é tocá-las
Nem tampouco
Compor suas trilhas...

Nem regê-las,
Jedi maestro,
No grande hall
Universal,
Com batutas de luz
E toques de alquimia...
Como notas,
Palhetando cordas,
Supercordas de energia...

Pois a arte
Que estrela a noite
É a ciência
Que interpreta o dia...

É Galileu,
É de lei,
Nossa natureza se transforma
Se desvela e se transborda,
Quando cria


publicado em 28.3.09