25.4.07

SALA DE ESTAR

Estar com você
É super estar
É mega estar
É ver o mundo se transformando
Numa voante sala de estar

Estar com você
É estrelar
É explosão de super-nova
É casa lunar
É o barulho do riacho
A inteligência da água
É virar vapor e sublimar
É navegar pela estrela
Num galope de cometa

É festejar a galáxia
É todo o estado de bem estar

[Aveia Poética 2]

22.4.07

INDOMÉSTICO

Bem que essas roupas na corda
Podiam ser velas ao vento

Bem que podia ter vento
Pra que esses panos molhados
Pudessem ser algas marinhas
Num nado sincronizado
Entre corais e cardumes

Bem que a parede do prédio do lado
Podia se transformar
Na fortaleza intangível dos verdes
Que espeta seus tons contra o céu
Pelas bordas da serra do mar

Até que seria bom
Mas, para ser mesmo melhor...

Bem que essa louça podia
Virar de repente uma orgia
Com vinho e libido à vontade
E as vizinhas mais desejáveis
Lindas e insaciáveis
Dançando nuas na praia
Sedutoras e seduzíveis
Disputando com encantos possíveis
O troféu da minha atenção

Bem que podia
Bem que eu queria...


[Aveia Poética 41]

18.4.07

Im.PENSAMENTOS.s (6)

(6)

Você já parou para pensar...
Que se é preciso
Parar para pensar...
Algum problema
De coordenação você tem?


[Aveia Poética 37]

15.4.07

BANDIDAGENS

Bandidos chinelões
Usam gírias para se preservar
Para identificar o diferente
E se livrar de quem não é do bando
Bandidos chiques
Usam a etiqueta para se resguardar
Para humilhar o diferente
E excluir quem não é do bando
[Aveia Poética 48]
.
.
GUIA DE ETIQUETA À MESA (publicado no site do Terra)
Com dicas do CABEÇA NA MORSA

1. Observe a posição correta das mãos durante as refeições
Já que você tem a sorte de ter o que comer faça-o do jeito que for mais confortável, pois esta é a maneira mais inteligente de fazê-lo, e se alguém olhar de cara torta porque você não está seguindo as regras, observe a posição correta das mãos para sugerir que esta pessoa vá se foder

2. Nunca coloque os cotovelos na mesa
A não ser que você esteja a fim porque senão pode ficar incômodo e causar dores

3. Não jogue o guardanapo sobre o colo de qualquer forma
Tente ser criativo e invente alguma forma que seja a sua cara, mostre seus dons artísticos e arrase com a sua originalidade

4. As taças devem ser seguradas pelo pé. Se não houver, segure pela parte inferior, mas sem deixar o dedinho apontado para os outros.
Não se preocupe tanto com as taças, o importante é o que há dentro delas. Em todo caso se alguém manifestar desprezo ou desaprovação ao o seu estilo, devolva a gentileza usando o dedo médio da mão que estiver livre como sugerido na dica número 1

5. Cuide a posição de deixar a faca no prato enquanto estiver comendo
O importante é que ela não atrapalhe e se eventualmente alguém olhar para você com cara de desdém porque a sua faca não está no lugar certo, fique variando a posição do talher até perceber que mudou a cara dessa pessoa, de preferência para a cara de babaca (o que não deve demorar muito)

6. Nem pense em cruzar os talheres após comer
Mas, se pensar, faça do jeito que achar melhor e mande à merda quem não gostar

7. Em caso de dúvidas, use os talheres sempre de fora para dentro
É no mínimo o mais lógico, mas, se precisar, pergunte ou vá testando, pesquise

8. É feio recusar ou deixar restos no prato. Pegue um pouco, mas coma.
Não ligue se você tiver vontade de vomitar ou passar mal depois, peça aos anfitriões para conseguirem um sal de frutas ou algo parecido

9. Seja natural, mostre quem você é e não faça tipos
Esta dica apenas confirma as anteriores. Mostre quem você é e não deixe que nenhum idiota queira lhe meter regras de matronas conservadoras goela abaixo.

1.4.07

AZULEJOS

Sigo o silêncio desses azulejos
Feito um arqueólogo bêbado
Que não respeita o passado
E só procura alguma verdade
Nas imagens de laje
Que vai fabricando

Sigo o silêncio liso
Dessas linhas queimadas no vidro
Sem esperar descobrir
Em qualquer costura mal feita
Algum segredo escondido
Que não teria mesmo importância
Mas quebraria a rotina

Azulejos não me interessam
A verdade...
Quem sabe,
Se for com tequila,
O passado não me atrai
E o silêncio sufoca

Eu sei que já abracei uma cidade
E conversei com suas esquinas
Respondi seus barulhos
E descobri algumas verdades

Mas hoje todo mundo está longe
E se diverte na noite
E eu aqui sigo o silêncio
Feito um arqueólogo bêbado
Nessas imagens de laje
De uns azulejos sem graça

[Aveia Poética 14]