23.1.08

UMA DE VERÃO

A estação é do corpo
E a alma,
Fortalecida,
Agradece do seu jeito
Dançando pelas sombras
Enquanto espreguiça
Nas alamedas
Desses dias longos
De pele em cartaz...

A estação é do corpo
E mesmo quando o diabo
- Puritano e de terno –
Ensaia a vingança
De praga mormaço
Com seu bafo do inferno,
O céu vira chuva
E resolve a questão
Retomando,
Humano,
Os princípios
Generosos da estação

Chuva forte
Água benta
Puro bálsamo, cânfora,
Hortelã...
Tor-menta...

[Aveia Poética 62]

16.1.08

DEPOIS DA FESTA

Acordo
Feito um acorde
Tremendo cordas nos cílios
Faço um caminho adernado
Por um mar de azulejos
E já prevendo o naufrágio
Agarro uma bóia
Que surge na forma
De um porta-toalhas
O Thor escondido
Do interruptor
Amassa as pupilas
Com golpes de luz
Fico acuado
E sem estratégia
E só um tempo placebo
Com escudos escuros
Desfaz o amarelo
E equilibra a contenda
Nas asas dos olhos
Os motores se acalmam
As hélices param
E o foco se encontra
Existe um espelho
E uma cara engraçada
Já me reconheço
E começo do nada
A pequena faxina
De toda manhã
A noite foi boa
E é tudo sem pressa
O corpo agradece
A mente arrefece
E é só o que interessa

[Aveia Poética 33]