28.3.09

TELESCÓPIO

Galileu,
(Ora direis),
Ver estrelas
Não é ouvi-las...

Mas ouvi-las,
(digo eu),
Não é tocá-las
Nem tampouco
Compor suas trilhas...

Nem rege-las,
Jedi maestro,
No grande hall
Universal,
Com batutas de luz
E toques de alquimia...
Como notas,
Palhetando cordas,
Supercordas de energia...

Pois a arte
Que estrela a noite
É a ciência
Que interpreta o dia...

É Galileu,
É de lei,
Nossa natureza se transforma
Se desvela e se transborda,
Quando cria

15.3.09

SÃ(n)IDADE

As pessoas na calçada
Se apressam desenhando movimento
Pelo frio liso das fachadas
Bem onde não há um só fio de sorriso
Apenas as caras fechadas
Nas janelas dos apartamentos

Pelo pulso da luz azulada
Se percebe que há sombras dopadas
Que se emprestam à escuridão
São funcionárias inertes
Que feito estátuas engomadas
Vivem de encerar a televisão

É,
O dano do medo é urbano
E o dono do medo,
Insano.
(Quero estar fora dessa equação...)

Mas,
Já que a chuva parou de repente
E represa o lixo nas guias,
Pela filosofia da noite imanente
Meu olhar prefere percursos de grua
É o que me resta nessa altura:
Buscar harmonia
No compasso das bundas na rua

7.3.09

RELÓGICO

O tique
Do tempo
É taqui
Cardia

O lar
Bipolar
Da obsessiva
Mania

4.3.09

ZEBRA

No campo da economia
O futebol de mercado
É competitivo e marcado
Pela força e pela imposição

No campo do social
O futebol não dá espaço
Não existe Belford Duarte
É marcação sob pressão

No campo das ideias
O futebol é estratégia
É a penalidade da retórica
No jornalismo e na preleção

No campo das finanças
O futebol é americano
Os ricos cada vez mais ricos
E o resto que se dane sem rima

Mas nos campos de marte
A ilusão da 10 sobrevive
A fome de bola resiste
E se pratica o belo futebol arte...
Pelo gosto de fintar o desgosto
Sem patrocínio e sem empresário
Onde a vida se esquece da vida
E manda-se à merda a Puma, a Nike e a Adidas