17.3.10

DOMINÓ

O condomínio é fechado
Afastado do mundo todo
Esse mundo todo perigoso
Que fica aqui do outro lado

O condomínio é assim,
Apartado,
Porque ordem e pureza são deusas
Que protegem as pessoas de bens
Do horror do inesperado

O condomínio é um mistério
Uma mistura de tédio
Com tensão de presídio
E paz de cemitério

Condomínio é um deserto
Onde a elite se acha segura
Na ingenuidade burra
De quem se tem por esperto

O condomínio é uma tara
Uma aura de jóia rara
Que segrega, isola e separa
Um requintado tapa na cara
Da inteligência e da humanidade
(Essas bobagens de esquerdista
Ultrapassadas e inúteis
Que não dão valor às coisas fúteis
Que engrandecem a vaidade)

O consomínio é blindado
Com seu ar condicionado
A entrada dos empregados
E a segurança vigilante
Contra a ameaça constante
Do tsunami da realidade

A verdade,
Não é segredo:
Fechado
E de cara amarrada,
Quem domina o condomínio...
É o medo

14.3.10

SEDENTO ou REVERB.ELA 2

Ando sedento

Pois já faz tempo
Que não te tenho
Que não te contemplo
Que nossas bocas não se acoplam
E nossos corpos não se alimentam
Que não buscamos sustento
No nosso encontro refeito
Nas alturas do ar rarefeito
Da nossa alta atmosfera
Meio Terra
Meio firmamento

Muito sedento
Pois faz muito tempo
Que não brincamos no campo
De juntar estilhaços do céu
Prá decorar nosso momento

Muito mesmo sedento
Pelo tempo
Que não te encontro
Na minha sede
E no meu intento
No mar aberto
E inquieto
Desse desatinado tempo
De sal e de relógio morto
- Esse inimigo regular
E marcial -
Do nosso tempo sedento

10.3.10

LA DOUCE MORT

Doce morte,
Quase morrer
Que faz bem...
Quem ama tem sorte
E quem não ama,
Também