22.3.12

GASOLINA


Nós pensávamos 
Que nossos campos
Eram santuários de lírios
Com bordas selvagens
E alguns roçados bem cuidados

Nossos campos eram trigo
Pão com mel
Laranja, mesa, cozinha
E essas coisas que nos uniam

Hoje...
Nossos campos são de guerra
Campos de petróleo e desprezo

Quem quer energia
Não vacila
Bombardeia, invade, assassina,
Em nome do óleo,
Da paz e da democracia

Criança, lírio e cozinha
Gente junta e poesia...
Não movem negócios nem tanques
São só espasmos antiquados
De perdedores,
De fracos e derrotados

A vitória tem gasolina
Pólvora, napalm
E dano colateral


NADA


Nada vale quanto pesa
Pois a imaginação é leve
Leve como um floco de neve
Fazendo tubo no vento breve
Do início dessa estação

Nada vale o quanto vale
Porque a paixão é desmedida
Como uma folha que vai distraída
Mudando rumo a cada investida
Da poeira dos pés pelo chão
publicado em 16.5.10