CHOVE SOBRE PORTO ALEGRE
Chove insistentemente
Sobre Porto Alegre...
Nos telhados, nos terraços,
Nos morros, por todo lado,
Pacientemente
Chove sempre na cidade
Os gomos de barbatana
Dos guarda-chuvas
Fervilham circos
Nas superfícies das ruas,
Sob a fraca neblina fina
Que se funde
Com o vapor das bocas
Como as luzes
Que se torcem e retorcem
Por espelhos de chão molhado
O dia escorregou ligeiro
- Quase não existiu -
E a noite impôs seu facínio líquido
Com milhões de estrelas cadentes
Na cor de iodo e mercúrio
Se as casas de bombas não param
De inflar ainda mais o Guaíba,
Os ônibus lotados
E os carros
De motoristas alucinados
Explodem seus nervos de aço
Pelo charco da capital
Mas, pacientemente,
Chove sobre Porto Alegre...
Y me voy
Com os pés e pernas molhados
E os cabelos encharcados
E nem sei por que ainda paro
Em cada marquise diferente
Há quanto tempo essa chuva chove?
Quantas vezes eu já andei por ela
Só pra ficar hipnotizado
Renitente
Sob as marquises abarrotadas
Como se a definitiva chuva fosse
E não existisse mais nada?
Pacientemente, então, eu penso
No que vivi nestas quadras
Quanto eu sou chuva?
Quanto cidade?
Quanto, enfim, eu sou nada?
A resposta
Segue discreta e perdida
Displicente e despreocupada
Pela paisagem que escorre escondida
Enquanto pacientemente chove
Na Porto Alegre alagada
Pacientemente
Chove
Sobre Porto Alegre,
Sempre...
Sobre Porto Alegre...
Nos telhados, nos terraços,
Nos morros, por todo lado,
Pacientemente
Chove sempre na cidade
Os gomos de barbatana
Dos guarda-chuvas
Fervilham circos
Nas superfícies das ruas,
Sob a fraca neblina fina
Que se funde
Com o vapor das bocas
Como as luzes
Que se torcem e retorcem
Por espelhos de chão molhado
O dia escorregou ligeiro
- Quase não existiu -
E a noite impôs seu facínio líquido
Com milhões de estrelas cadentes
Na cor de iodo e mercúrio
Se as casas de bombas não param
De inflar ainda mais o Guaíba,
Os ônibus lotados
E os carros
De motoristas alucinados
Explodem seus nervos de aço
Pelo charco da capital
Mas, pacientemente,
Chove sobre Porto Alegre...
Y me voy
Com os pés e pernas molhados
E os cabelos encharcados
E nem sei por que ainda paro
Em cada marquise diferente
Há quanto tempo essa chuva chove?
Quantas vezes eu já andei por ela
Só pra ficar hipnotizado
Renitente
Sob as marquises abarrotadas
Como se a definitiva chuva fosse
E não existisse mais nada?
Pacientemente, então, eu penso
No que vivi nestas quadras
Quanto eu sou chuva?
Quanto cidade?
Quanto, enfim, eu sou nada?
A resposta
Segue discreta e perdida
Displicente e despreocupada
Pela paisagem que escorre escondida
Enquanto pacientemente chove
Na Porto Alegre alagada
Pacientemente
Chove
Sobre Porto Alegre,
Sempre...
2 Comments:
Me lembrou Paul Verlaine:
"Il pleure dans mon coeur
Comme il pleut sur la ville.
Quelle est cette langueur
Qui pénètre mon coeur?..."
O meu coração chora
como chove sobre a cidade.
O que é esse langor
que penetra o meu coração?"
(tradução capenga made by Dalva...)
A chuva nos traz para dentro do coração, sem dúvida. Parece que todas as cidades são iguais quando a gente tem esse sentimento, e chove. Belo e longo poema, como bela e longa é a chuva.
Obrigada por suas palavras generosas e animadoras no meu blog de poesia, amigo.
"O dia escorregou ligeiro"
Bonito verso.
Beijo,
Doce de Lira
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