MADRUGADA
Essas janelas
São como bocas
De riso quadrado
Rindo de mim
As luminárias
São olhos de iodo
Que escondem as estrelas
Pra me confundir
As roupas nas cordas
São lenços de tango
E fingem que abanam
Só pra me iludir
Os prédios soturnos
Escondem seus olhos
E não perdem de vista
Um espectro sequer
Os carros parados
São tumbas modernas
Cercadas de medo
Nos leitos das ruas
O semáforo pulsa
E troca suas cores
Feito um sonâmbulo
Amarrado no poste...
É junho
É frio
Muito frio
E eu caminho sem pressa
Não há o que temer
Nem o que preocupar
O mundo está vazio
Muito vazio
[Aveia Poética 20]
São como bocas
De riso quadrado
Rindo de mim
As luminárias
São olhos de iodo
Que escondem as estrelas
Pra me confundir
As roupas nas cordas
São lenços de tango
E fingem que abanam
Só pra me iludir
Os prédios soturnos
Escondem seus olhos
E não perdem de vista
Um espectro sequer
Os carros parados
São tumbas modernas
Cercadas de medo
Nos leitos das ruas
O semáforo pulsa
E troca suas cores
Feito um sonâmbulo
Amarrado no poste...
É junho
É frio
Muito frio
E eu caminho sem pressa
Não há o que temer
Nem o que preocupar
O mundo está vazio
Muito vazio
[Aveia Poética 20]
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