1.11.08

FRONT.HOSPÍCIO

Onde estão meus generais
Se no calor do combate
Meus comandos tão bem treinados
Preferem brincar de espantalho
Nas trincheiras do milharal...
E com estandartes de arado
E seus canhões de goiaba
Batem latas na retirada
Festeiros e desajeitados
?!

Onde estão meus generais
Se minha artilharia balança
E só lança estrelas cadentes
E uns cometas de mel insurgentes...
Com silvos que zunem no ar
Revelando a moderna harmonia
De um ninho – em nada escondido –
De sonatas de paz ao luar...
?!

Onde estão meus generais
Se no ardor das batalhas
Meus melhores regimentos
Preferem passar o tempo
Na missão mais desejada
Desfraldando vestidos floridos
- Feito bandeiras de território –
Nas janelas das namoradas...
?!

Onde estão meus generais
Se minhas divisões
Motorizadas
Andam de skate nas praças
E feito bandos desordeiros
Com seu futebol sem dinheiro
Jogam bola nas calçadas
Mirando as lâmpadas
E as vidraças
?!

Onde estão meus generais?
Se minha infantaria azara cartas
Valendo garrafas de vinho...
E com canções de motim
Saúda minha força aérea
Que brinca de rasgar o céu
Lambuzada de brigadeiro e beijinho
Com suas esquadrilhas de papel...
?!

Onde estão, enfim, meus generais
Se a algazarra virou estratégia
Se os blindados são só esculturas
O arsenal
Um amontoado de carinhos
E a munição
Uma pacata confusão
De beijos, ternura, desejos...
?!...

Pois meus generais estão derrotados
Eu mesmo os venci
Quando nasci
E aprendi o que sei nas ruas...

Capitularam sem condições
Não suportaram este palco
De riso fácil e folia
Esse teatro
Que só podia ser do absurdo
Este caos
Que eu costumo chamar de alegria

E que se fodam mesmo
Todos os generais
Que não suportam esse jeito de farra
Esse ensaio de anarquia
Esse improviso nosso de cada dia
Que é bem melhor
Muito melhor
Que qualquer teatro de guerra

1 Comments:

Blogger Dalva M. Ferreira said...

Alegria!

8:48 PM  

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