22.5.07

VENTO

Vento
Vaga vento
Se não te tenho
Eu mesmo invento
Um vento trem
Ferrovia
Estelar e Láctea via...
Um bate pá de veneziana
Que destroça o calendário
Feito um ventilador imaginário
Um fole de pólen planetário
Em uma tormenta mundana

Até mesmo sem querer
Se não te tenho
Eu mesmo invento
Um salto ventoso
Turbina
Asa
Sustentação definida
A batedeira de foz e vertente
Uma impressão do sol nascente
Na barriga da vela estendida

Vento trem, ferrovia,
Momentânea alforria...
Quem te deu este poder,
Bem-vindo, irado, soprado?
Seria a boca de Deus?
Seria seu hálito sagrado?
Não sei
E nem me interessa agora
Quem te fez assim intenso
Mais que intenso
Imenso
Auto-alado, indomado,
Um palhaço de roda-moinho
O ar da graça endiabrado

Vento
Vaga vento
Se não te tenho
Não vacilo
Na mesma hora reinvento
Um varre vento no pensamento
Pra espantar o desalento
Dessa alma em desalinho
Que no calor das barricadas
Com um novo sopro de rebeldia
Proclama
Com base no nada:
Todo poder à ventania!

[Aveia Poética 6]

2 Comments:

Blogger CarolBorne said...

Admirável poema, querido!
Cheguei a levitar aqui, com tanta ventania!

1:05 PM  
Blogger christiana said...

Adorei!
Não fora eu filha de Iansã... eparrei!

12:05 AM  

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